Paris não é tudo que promete, mas vale a pena conhecê-la
POR: Lucas Nascimento
Paris é uma das cidades mais visitadas do mundo. Todo ano, cerca de 30 milhões de turistas desembarcam na capital da França. A cidade tem fama de ser muito glamourosa e romântica, mas, com tantos turistas superlotando a cidade, será que essa fama persiste? Na minha concepção, infelizmente não.
Saímos de Londres – Heathrow, em um Airbus A320 da AirFrance beeem cedo, às 6h da manhã. O voo de pouco mais de uma hora até a capital francesa correu bem. A companhia aérea é uma das mais famosas e mais importantes do mundo e, agora, está exigente.
Como fui um dos últimos a embarcar, precisei despachar a mala de mão na porta, um baita transtorno e que, depois de uma conversa mais amigável, não fui cobrado.
O serviço de bordo não é bom, tendo em vista que não é uma companhia aérea low-cost. Foi servido um croissant que parecia ter acabado de sair do congelador de tão frio, coca-cola ou suco e, depois, café ou chá. Como falei no post da Espanha, os aviões em voos internacionais dentro da Europa não possuem entretenimento de bordo, mas o voo é rápido e era muito cedo, aproveitei para tirar um cochilo.
O terror de visitar Paris começa na chegada do gigantesco aeroporto de Charles de Gaulle. É imenso. Para chegar até a fronteira são necessários um trem e uma caminhada de mais 10 minutos e ao chegar na imigração, você deseja voltar para o avião. A fila dá voltas e voltas quilométricas. Nós ficamos cerca de 3 horas e meia na fila até o oficial de imigração nos chamar, olhar o passaporte e carimbar. Simples assim.
Saindo do Charles de Gaulle, vimos que pedir um Uber Van seria mais vantajoso que ir até a cidade de trem, estávamos em cinco pessoas e, somando, daria mais barato que o preço do trem. No final, acabamos pagando bem mais caro, pois ficamos duas horas e 40 minutos no trânsito. A viagem deu 90€ (R$ 412,91).
A Cidade Luz
A primeira impressão da cidade é que ela está sempre suja. De todas as outras cidades pelas quais nós já havíamos passado na Europa, Paris parecia que não tinha serviço de limpeza urbana. Há muita sujeira no chão e a cidade tem um cheiro terrível de urina nas ruas. Tenebroso.
Você pode pensar: “Nossa, você mora no Brasil e as cidades aqui também são assim”. Tudo bem, concordo, mas para uma cidade que é a porta de entrada da Europa para muitos, ter essa primeira impressão é horrível. Parece que todo o continente é sujo, desarrumado e fedido e essa não é a realidade. Isso acontece só em Paris.
Por diversas vezes eu comparei Paris ao Rio de Janeiro . Nas novelas da Globo, a cidade é realmente maravilhosa, mas quando se chega lá, nota-se que a realidade é completamente diferente. Há muita beleza apenas próximo dos famosos pontos turísticos e praias. Paris, hoje, é isso: a soma de um marketing muito bem feito somado ao imaginário popular de cidade charmosa, bela e romântica. E sobrevive muito bem disso.
Sabe-se também que Paris é uma das capitais europeias que mais sofre com a crise migratória que assola o mundo todo. Os governantes quebram a cabeça para acomodar e fazer todos esses novos moradores se sentirem bem, ter emprego, vida digna e, claro, que não tenham a necessidade de viver na marginalidade. Mas, infelizmente, as políticas públicas não estão sendo efetivas e isso têm atingido diretamente à percepção dos turistas sobre a cidade.
Há muitas placas avisando para ser atento com os ‘pickpockets’ (batedores de carteira), há muitos pedintes nas ruas e também muitos vendedores ambulantes que hora ou outra pode-se assistir uma batida policial. Sabe o corre-corre da 25 de Março quando chega a polícia? É igualzinho em Paris.
O metrô é horrível. As estações fedem e há muitos ratos e baratas correndo pelos corredores. Se você tem medo, já sabe, vai dar de cara com esses bichinhos desagradáveis. A fama de que os franceses não tomam banho é real. Não todos, mas a grande maioria tem um cheirinho desagradável de suor que é imbatível. O Felipe, meu marido, foi furtado no metrô de Paris. Nada grave, mas que nos deixou um pouco aflitos e receosos com a cidade.
Mas tudo isso não deixa a cidade feia, pelo contrário. Paris tem um charme diferenciado, realmente há uma aura de glamour, beleza, sofisticação e encanto. É uma cidade dos sonhos e ela consegue, sim, mesmo com problemas, realizá-los.
Passeios
O que torna Paris tão importante, são os pontos turísticos históricos e culturais, e, claro, icônicos monumentos. Mas, para visitá-los, é necessário pagar. E o valor não é baixo. Para visitar todos os museus e monumentos, exceto a Torre Eiffel, optamos por comprar o Paris Museum Pass, que custou 138€ (R$ 633,13).
O passe dá direito a conhecer o Museu do Louvre, ao Arco do Triunfo, à igreja de Sainte-Chapelle, ao Museu des Invalides e ao túmulo de Napoleão, Museu de Orsay, Le Centre Pompidou, ao Panthéon de Paris e o Palácio de Versailles, entre outros passeios que em cinco dias não conseguiríamos fazer. Então, acaba valendo mais a pena adquirir o passe do que comprar cada ingresso avulso.
Todos os passeios podem ser feitos assim que você retira o passe na loja oficial, que fica a menos de 15 minutos do Louvre. É só chegar e apresentar o Museum Pass. Mas, para visitar o museu mais famoso do mundo e para contemplar à Monalisa, o passeio deve ser agendado antecipadamente no site do museu ou então você corre o risco de não acessá-lo no dia em que quer, ou pode estar fechado em dias específicos.
O que visitamos?
Saint-Chapelle, depois do terrível incêndio na Catedral de Notre Dame, se tornou uma das igrejas mais visitadas de Paris. Suas paredes são todas feitas de vidro e é uma coisa lindíssima. É um passeio rápido que vale muito a pena.
O Museu des Invalides é um complexo que reúne toda a história do exército francês até a Segunda Guerra Mundial e, claro, conta com um grande anexo e uma cúpula onde fica, exatamente abaixo o túmulo de Napoleão, o Rei mais famoso e importante da história da França. É incrível, sem palavras e de tirar o fôlego.
O Panthéon de Paris, diferente do de Roma , não tem um buraco circular no teto mas é um importante espaço cultural e histórico de Paris. Ali estão enterrados os grandes ícones da história Victor Hugo, Marie Curie, Voltaire e Alexandre Dumas.
Além disso, o Monumento conta com o “Pêndulo de Foucault”, é uma experiência concebida para demonstrar a rotação da Terra em relação a seu próprio eixo. A primeira demonstração data de 1851, quando um pêndulo de 30 kg foi fixado ao teto do Panteão de Paris por um fio de 67 metros de comprimento.
O Arco do Triunfo é mais do que se vê de fora. No alto do Arco, um museu contando a história das mais importantes vitórias de guerra dos franceses e uma vista incrível de Paris. É uma descoberta fascinante, pois ao iniciar o passeio, pensa-se que é apenas subir e contemplar a vista, mas não, é muito muito mais que isso.
Muita gente indicou, mas optamos por não ir à Versailles. Quisemos ficar aproveitado um dia livre pela pela cidade.
Museu do Louvre
Reserve um dia para o Louvre e ainda assim não será possível ver tudo que o museu tem à mostra e a oferecer. A dica inicial é: separe por tópicos o que você deseja visitar e mapeie seus pontos de interesse nos mapas que dão de presente na entrada do passeio.
O Louvre é gigantesco e tem um acervo de mais de 380 mil itens e mantém em exibição permanente mais de 35 mil obras de arte, distribuídas em oito departamentos. A seção de pintura é a segunda maior do mundo, logo atrás da do Museu Hermitage, com quase 12 mil peças, sendo que delas 6 mil estão em exposição permanente.
A MonaLisa, a Vênus de Milo, A Balsa da Medusa, A Coroação de Napoleão, O Escriba Sentado, Ramsés e A Virgem e o Menino com Santa Ana são algumas das obras mais importantes em exposição no museu. Ir à Paris e não contemplar, mesmo que por alguns segundos, sim, segundos, a MonaLisa é um crime.
Passamos cerca de 6 horas no museu e ainda tinha MUITAS outras coisas para ver. Voltaremos!
Torre Eiffel
Esse é, sem dúvidas, o ponto turístico mais famoso do mundo. Todos têm o desejo de conhecer a torre de Gustavo Eiffel um dia. A Torre Eiffel tem 324 metros, o equivalente a um prédio de 101 andares. Até 1930, ela era a estrutura mais alta do mundo.
O monumento tem nada mais, nada menos de 1.710 degraus até o topo, mas, calma! Hoje, para subir, há elevadores que levam até o ponto mais alto, onde há um mapa-mundi com as direções de cada cidade do mundo e também à mostra o antigo escritório de seu construtor.
Lucas, vale a pena subir na Torre? Com certeza! É um passeio inesquecível. Até hoje, um mês após meu retorno ao Brasil, fico pensativo, às vezes sem acreditar que estive lá. A Torre, mesmo que não tivesse nenhuma outra coisa para se fazer na cidade, faz a visita à Paris valer a pena, mesmo com todos os seus problemas.
No dia livre, passeamos pela orla do Rio Sena, compramos vinho e champanhe e fomos passear e brindar pela cidade. Acho que Paris é o símbolo de que “você deu certo na vida” e de que consegue realizar alguns sonhos. Quantas vezes já ouvimos ou até mesmo falamos “Quando eu estiver tomando champanhe na Torre Eiffel”. O glamour todo está nisso. Ter condições de ir até lá e vivenciar tudo isso.
Chego à conclusão de que eu gostei sim de Paris. É uma cidade problemática, com muitos defeitos, mas que deixa à desejar no que ela promete. Está longe de ser a cidade que mais gostei na Europa, mas eu desejo voltar, talvez numa outra época, de mais frio, para sentir e experimentar a cidade com outra vibe, quem sabe?
Quanto gastamos em Paris? (Gastos totais para duas pessoas)
Passagem aérea: R$ 496,00 – Tarifa básica apenas com mala de cabine saindo de Londres
Transporte: R$ 430 (Uber + metrô na cidade + RER para o Aeroporto);
Alimentação: R$ 917,59
Passeios: R$ 1988,21
Hospedagem: R$ 957,32 Airbnb privativo.