Fest.AR: primeiro festival de realidade aumentada da América Latina acontece em São Paulo
Com participação de 13 artistas da cena de arte urbana da cidade, evento resgata obras apagadas pelo tempo em circuito que pode ser realizado a pé a partir de 28 de novembro
Por: Agência Lema
São Paulo, novembro de 2020 – Reconhecida mundialmente por sua relevância na cena de arte urbana, São Paulo recebe a primeira edição do Fest.AR – Graffitis Apagados de São Paulo, que conta com a participação de obras de artistas das diferentes linguagens da arte urbana que marcaram a vida cultural da cidade nas últimas quatro décadas. “Um celular na mão, uma nova perspectiva em arte” é a proposta do festival que ocorre de 28 de novembro a 28 de dezembro em um circuito virtual que, para ser experienciado, precisa ser realizado em uma caminhada pelas ruas da capital paulista. Para vivenciar o Fest.AR, o interessado precisa baixar gratuitamente o aplicativo em seu celular.
O Fest.AR é um evento icônico por promover o resgate do patrimônio histórico cultural de São Paulo a partir da refação virtual de obras efêmeras como graffiti, lambe- lambe, letras, bombing, serigrafia e estêncil, em pontos da Avenida Paulista, Rua da Consolação e centro, que foram apagadas pelo tempo e pelo movimento natural desta grande cidade. O aplicativo indicará os locais dos antigos grafittis através de geolocalização. Ao direcionar seu celular para o local indicado, será possível visualizar a obra que um dia esteve naquele local, fotografá-la e filmá-la, inclusive, consigo no cenário, como se fosse realidade atual, proporcionando um encontro dos tempos.
Obra Judeu e Muçulmano, de 2016, de Bueno Caos | Crédito Luis Bueno
Idealizado pela artista multimídia Giovanna Graziosi Casimiro – que é pesquisadora em em memória digital e patrimônio contemporâneo, especialista em experiências com múltiplas plataformas e indústria de XR -, o festival traz ainda curadoria da produtora cultural Vera Santana, co-curadoria da artista Prila Maria e realização da MOVA. “O Fest.AR é um encontro intergeracional da arte urbana paulistana, que traz a possibilidade mágica da obra de Jaime Prades, realizada em 1987, estar presente no mesmo tempo em que são apresentadas as letras politizadas da OPS(Vismoart) feitas em 2018”, comenta Vera Santana. Também compõem essa linha do tempo cultural as obras geométricas de 6emeia, os lambe-lambe marcantes de Bueno Caos, o “veracidade” de Mauro Neri, o graffiti de Nina Pandolfo (uma das primeiras mulheres a ter reconhecimento na cena urbana), a empena vibrante de Nove, a Escrita de Rua de Loba Gi -, o graffiti de Rui Amaral, a serigrafia de SHN, a pintura de Subtu, as letras de Sujeitas e o graffiti de Tinho .
“O processo curatorial buscou valorização e a reunião das diferentes linguagens da arte urbana de São Paulo, que consistem em um patrimônio histórico do município, promovendo um diálogo da cultura com a população e a própria cidade, de uma maneira diferente do que já foi feito até agora, respeitando e integrando todas as linguagens da rua”, continua Vera Santana, que também coordenou o trabalho de pesquisa histórica e imagética que norteou a linha curatorial do festival.
Para Giovanna Graziosi Casimiro, idealizadora do Fest.AR , “o festival traz uma reflexão muito importante sobre a preservação do patrimônio histórico da nossa contemporaneidade, incluindo a efemeridade da arte urbana como marco da característica cultural de São Paulo. Tanto o estudo quanto o resgate da memória só puderam ser realizados trazendo a tecnologia como aliada neste trabalho”.
Além das vivência nas ruas, o Fest.AR promove oficinas virtuais gratuitas que podem ser feitas por pessoas do Brasil inteiro. Nelas, os participantes têm contato com as questões teóricas da realidade aumentada, e em um segundo momento, vão poder criar suas próprias artes com uso desta técnica.
O projeto também promove, no dia da abertura, 28/11, dois encontros virtuais: às 16h, Giovanna Casimiro bate um papo com Sam Magee, especialista em tecnologias HILT (Human Intelligence and Language), em que discutem os usos de tecnologia como possibilidades de novas experiências urbanas, patrimoniais, ou memoriais, repensando até mesmo as narrativas históricas; às 18h, Vera Santana se reúne com artistas participantes do festival em uma roda de conversa sobre a potência da arte na construção da memória afetiva, da paisagem urbana e do processo histórico das cidades, além de temas como direito à cidade, ocupação do espaço urbano e realidade aumentada .
As oficinas ministradas por Giovanna Graziosi Casimiro têm início no dia 5/12, com conteúdo teórico e atividades práticas sobre realidade aumentada como instrumento de ocupação urbana. As obras desenvolvidas pelos participantes vão compor a Galeria Fest.AR 2020/21, que poderá ser acessada pelo site e redes sociais do festival a partir do dia 19/12.
As inscrições para os encontros e oficinas devem ser feitas pelo site https://www.festar.art.br
Serviço:
As obras podem ser conferidas nos seguintes endereços:
6emeia: suas obras Rádio Popular e Tetris, criadas em 2010, estão na Praça, situada na Esquina da Rua Treze de Maio e Avenida Paulista, próximo a Japan House;
Bueno Caos: Os leitores (série) – Judeu e Muçulmano, de 2016, pode ser conferida no Casarão da Rua Itacolomi nº 254, e Marielle, de 2018, na Rua Amaral Gurgel nº 720;
Jaime Prades: “Grande Transformação”, de 1987, (na passagem Paulista/Rebouças, lado direito, trecho central) e Foguete vermelho, de 1987 (no trecho final da passagem Paulista/Rebouças, lado direito), foram reativadas;
Loba Gi: obra “+ cultura/ Educação transgressora-libertária”, de 2018, pode ser acessada na Rua da Consolação n°1289;
Mauro Neri:A obra “Qual verdade”, de 2013, foi reativada na Praça Roosevelt;
Nina Pandolfo: o graffiti Caixa d’água, de 2003, pode ser conferido na Rua da Consolação, nº 2514 (cobertura);
Nove: “Lembranças de uma doce primavera”, de 2014, pode ser revisitada na Rua da Consolação nº 2514 , lateral do prédio
OPS(Vismoart): obra “Fora…” de 2017, foi recuperada em realidade aumentada na Passagem Literária (Rua da Consolação, esquina com a Avenida Paulista);
Rui Amaral: “O intusiamo de Anunnaki”, de 2012, é recuperada em realidade aumentada e está localizada na Av. Paulista,nº 568;
SHN: as obras Avenida Paulista, de 2017, está na Av. Paulista, nº 2240, e Banca do Copan, de 2015, na R. Araújo, nº 200 – República, foram reativadas;
Subtu: “Amor de mãe”, de 2013, foi reativada em realidade aumentada e pode ser vista no túnel da Paulista;
Sujeitas: “3h da Madruga”, de 2019,está na Rua da Consolação, nº 1906;
Tinho: a obra “Entre o amor e a liberdade”, de 2016, pode ser acessada em frente ao Cine Petra Belas Artes – Rua da Consolação, nº 2423.
Redes do Fest.AR
Instagram: https://www.instagram.com/_fest.ar/
Site: www.festar.art.br
A partir de 28/11, o aplicativo Fest.AR estará disponível na Google Play e, a partir de 15/12, na Apple Store.
Para acessar as obras participantes do 1º Fest.AR, clique aqui
Sobre MOVA
MOVA é uma produtora cultural composta por um time de mulheres sempre em movimento para realizar experiências que conectam e geram resultados, tendo como pilares em suas atividades a Cultura, Diversidade e Inovação Social.
Sobre a curadora Vera Santana
Mãe da Bia, Alice e Nina, Vera é produtora cultural há 20 anos. Graduada em Eventos Culturais, pós graduada pela USP em Gestão de Projetos e Cultura Latinoamericana. Entre as realizações recentes estão a Curadoria de artes visuais para a Feira Preta – O maior Festival de Cultura Negra da América Latina, a produção do Grafitti Pindorama – de Rimon Guimarães para a Converse. Além de atuar nas várias linguagens da Cultura Independente, também atuou como coordenadora de público e diversidade no Theatro Municipal de São Paulo. Atualmente é curadora de artes visuais na Cecília Cultural, e coordena o Gentilização, uma startup de práticas que combate fobias sociais.
Sobre a idealizadora Giovanna Casimiro
Giovanna é artista multimídia, atua em design digital em múltiplas plataformas e tem como campo de pesquisa a memória digital e o patrimônio contemporâneo. Foi a partir de sua paixão pelo mundo das artes e da tecnologia que ela chegou à proposta de reativar graffitis apagados da cidade de São Paulo, em um debate político e estético pertinente ao tempo presente.