Brasil no centro da transição global: o Fórum Mundial de Economia Circular 2025 e os caminhos para um novo modelo de desenvolvimento
Por: Marcelo Souza
Presidente do Instituto Nacional de Economia Circular (INEC)
Em 2025, o Brasil será o centro das atenções globais ao sediar dois eventos de extrema importância para o futuro sustentável do planeta: a COP30 e o Fórum Mundial de Economia Circular (WCEF2025). A realização desses eventos no país reflete o reconhecimento internacional do papel estratégico do Brasil na transição para uma economia regenerativa e de baixo carbono.
O WCEF2025, que acontecerá de 13 a 16 de maio em São Paulo, é promovido pelo Fundo Finlandês de Inovação Sitra e organizado no Brasil em parceria com a FIESP, CNI, SENAI, ApexBrasil e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Este evento, que chega à sua 9ª edição, é o principal fórum internacional dedicado à promoção da economia circular, reunindo líderes empresariais, formuladores de políticas públicas, cientistas e representantes da sociedade civil para debater soluções sistêmicas que substituam o modelo linear de “extrair-produzir-descartar”.

A edição de 2025 marca um momento histórico: é a primeira vez que o evento acontece fora do eixo Europa-Ásia, refletindo o reconhecimento do papel estratégico da América Latina — e especialmente do Brasil — na transição para uma economia regenerativa, inclusiva e de baixo carbono.
Em meio à polêmica sobre o decreto de importação de resíduos, que gerou intensas discussões entre diferentes setores da sociedade, o Brasil se prepara para sediar o WCEF2025 e a COP30. O decreto nº 12.438, publicado pelo governo federal, regulamenta a importação de resíduos sólidos no Brasil e gerou intensas discussões entre diferentes setores da sociedade. De um lado, a indústria vê nela uma oportunidade de fortalecer a competitividade global e garantir insumos estratégicos. Do outro, os catadores e ambientalistas alertam para os riscos de desvalorização da reciclagem nacional e possíveis impactos ambientais.

A realização do WCEF2025 em São Paulo é mais do que simbólica: é uma oportunidade concreta para o Brasil se posicionar como líder global da nova economia. Para isso, será necessário fortalecer a infraestrutura de reciclagem e logística reversa, aprovar marcos regulatórios claros, como a Política Nacional de Economia Circular, incluir os trabalhadores informais da reciclagem como protagonistas da transição, atrair investimentos em inovação e tecnologia limpa, e promover a cooperação entre estados, municípios e setor privado.
O Fórum Mundial de Economia Circular 2025 não é apenas um evento — é um chamado à ação. O Brasil tem a chance de transformar seu potencial em protagonismo, liderando soluções que conciliem crescimento econômico, justiça social e regeneração ambiental. A pergunta que fica é: vamos aproveitar essa oportunidade histórica ou continuar exportando commodities e importando soluções?
A aprovação do Plano Nacional de Economia Circular é um passo importante nessa direção. O plano estabelece diretrizes para a implementação de práticas circulares em diversos setores da economia, promovendo a eficiência no uso de recursos, a redução de resíduos e a geração de empregos verdes. Com a implementação do plano, o Brasil pode se tornar um modelo de economia circular para outros países em desenvolvimento, demonstrando que é possível conciliar desenvolvimento econômico com sustentabilidade ambiental.
A realização da COP30 no Brasil também reforça o compromisso do país com a agenda climática global. A conferência, que reunirá líderes mundiais para discutir ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, será uma oportunidade para o Brasil mostrar seus avanços na área ambiental e firmar parcerias estratégicas para a implementação de projetos sustentáveis.

Em resumo, o ano de 2025 será decisivo para o Brasil. A realização do WCEF2025 e da COP30, juntamente com a aprovação do Plano Nacional de Economia Circular, coloca o país no centro das discussões globais sobre sustentabilidade e economia circular. Cabe ao Brasil aproveitar essa oportunidade para liderar a transição para um modelo de desenvolvimento mais justo e sustentável, que beneficie tanto a economia quanto o meio ambiente e a sociedade.
Marcelo Souza é presidente do Instituto Nacional de Economia Circular (INEC) e CEO da Indústria Fox, que é referência em reciclagem. Nesta semana ele participa como palestrante em alguns painéis importantes no Fórum Mundial de Economia Circular, que acontece pela primeira vez na América Latina, entre 13 e 16 de maio, no Parque do Ibirapuera. O evento reúne especialistas, líderes e inovadores para discutir soluções sustentáveis e caminhos para uma economia de baixo carbono, mais eficiente e regenerativa.
No primeiro painel, Marcelo Souza participou de debate promovido pelo Instituto Nacional da Reciclagem (Inesfa), uma organização que atua na defesa dos interesses da reciclagem no Brasil e no exterior, promovendo inovação e sustentabilidade.

Já no segundo painel Marcelo Souza participa do Movimento Circular, uma iniciativa que busca acelerar a transição da economia linear para a circular por meio de educação, cultura e inovação.
Outro acontecimento importante nesta semana é o Dia Mundial da Reciclagem, no próximo sábado (17). A data visa a conscientizar a população sobre a necessidade urgente de reaproveitar os materiais extraídos da natureza para que a fonte de energia que sustenta o planeta não se esgote.